Você costuma desviar sua atenção facilmente? É comum você derrubar objetos, ser desorganizado, esquecer objetos e compromissos?
Além disso, faz parte da sua rotina ter “brancos” durante uma conversa? Já aconteceu de você interromper uma conversa sem nem perceber?
Na escola, na faculdade era/é comum apresentar alguns erros de escrita e de leitura (ex. pular letras)? Apresentava ou apresenta alguns erros na fala?
Ficar parado em uma cadeira e assistir uma aula às vezes parece uma tortura? Balança os pés? Faz rabisco?
Você se sente hiperconcentrado em determinados assuntos ou atividades que lhes despertam interesse espontâneo ou paixão impulsiva?
Já iniciou vários projetos e não conseguiu terminar? Tenta fazer diversas coisas ao mesmo tempo e não consegue terminá-las? Tem muitas ideias legais, no entanto, executá-las é um desafio?
Fala compulsivamente? Fala sem parar e dá pouco espaço para os demais contribuírem na conversa?
Sente uma raiva incontrolável quando algumas ideias ou situações lhe causam frustrações ou quando sofre uma rejeição?
Você se considera extremamente impulsivo?
Impaciência, irritabilidade e oscilações de humor são frequentes por aí?
Comer em excesso/ envolvimento com drogas/ compras compulsivas fazem parte do cenário da sua vida?
Sente-se incapaz de realizar determinadas ações? Tem uma timidez que chega a prejudicar suas relações? Ver-se procrastinando? Não confia em si mesmo? Possui tendência ao perfeccionismo? Percebe com frequência que se compara com os outros?
Observe algumas dessas situações abaixo e perceba se existe algo familiar
“O tempo me escapa e eu não consigo lidar com ele de forma e eficaz como os outros adultos. ”
“Minha mente e minha vida são uma bagunça. Muitas vezes, não consigo organizar meu trabalho ou outras atividades tão bem quanto os outros adultos que conheço. ”
“Sei que passo de uma coisa para outra e de um projeto para outro, e isso faz com que as pessoas com as quais trabalho fiquem loucas. Mas tenho que fazer as coisas assim que penso nelas, porque, se não fizer, vou esquecê-las e, então, elas nunca serão feitas.”
“Quando criança, sempre fui aquela que tinha dificuldade de permanecer sentada, tinha toda essa energia e nenhuma ideia do que fazer com ela. Sempre me senti deslocada e odiava isso. Lembro-me de ter de ir à enfermaria todos os dias para tomar meus medicamentos – era uma sensação horrível! Ninguém queria ser meu amigo porque eu não me encaixava no grupo. Eu nunca serei a garota quieta, calma e reservada na multidão. Sou extrovertida, às vezes, escandalosa (OK, mais frequentemente do que eu gostaria de admitir), intensa, um pouco estranha, sarcástica e engraçada que de repente todos gostam de ter por perto. ”
“Eis o que aconteceu no último final de semana e que deixou minha esposa tão furiosa. No sábado pela manhã, peguei o cortador de grama para aparar o gramado, mas o reservatório de gasolina estava vazio. Então, coloquei-o em minha caminhonete, fui até o posto mais próximo para enchê-lo, e, enquanto abastecia o reservatório, um amigo meu chegou para abastecer seu carro. Ele é tão viciado quanto eu em pesca de trutas, disse que tinha uma vara e botas extras no carro e me convidou para ir com ele até o rio. Eu concordei, entrei no carro dele e deixei o meu no posto de gasolina. Pescamos durante mais ou menos uma hora; então, ficamos com sede, fomos até aquele barzinho que os rapazes adoram ir para passar o tempo e tomamos uma cerveja. Já eram 15 horas quando finalmente voltei ao posto de gasolina para pegar meu carro, e a polícia já estava lá. Minha esposa a chamou quando viu que eu não voltei para casa após várias horas, tendo saído apenas para abastecer o reservatório do cortador de grama, achando que havia acontecido algo ruim comigo. Ela ficou tão furiosa quando descobriu o que eu havia feito que passou dias sem falar comigo! Mas eu sou assim – simplesmente sigo o fluxo do que está acontecendo à minha volta e não consigo me lembrar do que eu precisava fazer antes, ou simplesmente me desligo daquilo como menos interessante do que o que eu poderia ter a chance de fazer. ”
Agora me conta, se identificou com dessas experiências? Há possibilidade que você tenha TDAH. Mas antes de se autodiagnosticar, procure um profissional especializado para que você possa ser avaliado.
Mas afinal o que é o TDAH?
O Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade é uma condição do neurodesenvolvimento e caracteriza-se por sintomas de desatenção, hiperatividade/impulsividade. Esses sintomas apresentam-se de forma recorrente e desproporcional quando comparado aos sujeitos da mesma idade e causam sofrimento ao indivíduo. Vale ressaltar que o TDAH é um espectro e isso significa que existe uma diversidade de sintomas e níveis que as pessoas apresentam.
Consequências de não fazer tratamento?
As pesquisas sinalizam diversos impactos que acarretam a vida da pessoa portadora do TDAH quando não tratado. Alguns deles são: no âmbito educacional, profissional, gestão financeira, no desenvolvimento afetivo-emocional, nos relacionamentos interpessoais, conjugal e na execução das atividades parentais.
Como a psicoterapia pode ajudar a lidar com os sintomas do TDAH
Já parou para observar o quanto as emoções interferem nos nossos comportamentos? Já percebeu o quanto elas nos ajudam ou atrapalham como avaliamos determinadas situações, como tomamos nossas decisões e até mesmo em nossas motivações para cumprir obrigações? Pois é, elas têm um papel importante no nosso dia-a-dia. Por isso é necessário que saibamos como manejá-las, pois, elas têm um significativo impacto em nossa vida.
Alguns indivíduos que têm TDAH mostram poucas habilidades de regulação emocional, pois exibem uma baixa tolerância a frustação e podem alterar de forma importante seu humor. Podem ter uma raiva muito intensa e agir de forma impulsiva, tendo uma resposta desproporcional a situação que eliciou o comportamento.
Isso pode impactar de modo significativo no seu trabalho bem como em seus relacionamentos interpessoais e amorosos.
Com a psicoterapia é possível identificar esses padrões, assim como aprender recursos para regular as emoções e por consequência, conseguir ter satisfação nas relações e consigo mesmo.
A psicoterapia pode também ajudar a diminuir as implicações no contexto do trabalho, já que a pessoa com TDAH tende a procrastinar suas obrigações e acaba tendo sérios prejuízos.
Portanto a psicoterapia tem suma relevância na atuação e melhoria da qualidade de vida dessas pessoas que sofrem por terem déficits nas funções executivas quem impactam em habilidades relacionadas a autonomia e a regulação emocional. Nesse sentido, as dificuldades nas funções parentais, relacionamentos conjugais, gestão financeira, desempenho profissional, desenvolvimento afetivo e emocional tendem a melhorar com intervenções adequadas.
REFERÊNCIAS:
Castro, C. X. L., & de Lima, R. F. (2018). Consequências do transtorno do déficit de atenção e hiperatividade (TDAH) na idade adulta. Revista Psicopedagogia, 35(106), 61-72.
Barkley, R. A., & Benton, C. M. (2016). Vencendo o transtorno de déficit de atenção/hiperatividade: adulto. Penso Editora.
Silva, A. B. B. (2003). Mentes inquietas. Rio de Janeiro: Napades.
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